quarta-feira, 17 de outubro de 2012
Um texto do blog mente aberta de Fernanda Pompeu
Quem aí em frente da telinha do computador gosta de escrever? Levante a mão aquele que já pensou em fazer um romance, um conto, dois poemas, um roteiro de cinema. Quantos de vocês mantêm um blog atualizado? Aposto que é gente para dedéu.
Gente em quantidade e vontade. Afinal escrever é quase uma extensão do pensamento. É a forma mais direta de registrar nosso recado para que os outros o saibam. Também é uma oportunidade de dizer: "Presente. Estou aqui."
O porto de partida para fazer um texto navegar é escolher um assunto. A eleição é livre: você pode discorrer sobre o futuro da internet, romeus e Julietas, alcovas e revoluções, ou sobre o que se passa na cabeça de um alfinete.
Tanto faz o tema ou a teima. O que importa mesmo é a maneira de dispor as palavras no papel ou na telinha. Nesse escolher moram a técnica e a arte. Pois às vezes - se somos descuidados - podemos escrever justo o contrário do que pretendíamos dizer.
O poeta Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) foi certeiro nos versos: "Chega mais perto e contempla as palavras / Cada uma tem mil faces secretas sob a face neutra." Quer dizer, as palavras estão neutras no meio do salão esperando que um escriba as convide para dançar.
É o escriba quem decide se o ritmo da dança será axé, afoxé, aeróbica, baião, capoeira, carimbó, choro, cavalhada, calango, ciranda, dance, forró, frevo, fandango, funk, lambada, lundu, maxixe, marujada, maracatu, merengue, pagode, reisado, rock, samba, salsa, valsa, tambor, tango, hip-hop.
Só não vale atravessar a música e pôr tudo a perder. Por exemplo, redigindo de um jeito burocrático, repetitivo, opaco, chapa-branca. Também é necessário conhecer a gramática para voar mais alto, para experimentar surpreendentes dimensões da paisagem verbal.
Ninguém tem a receita de como escrever razoavelmente bem. Mas arrisco alguns ingredientes: três colheres de sopa de simplicidade, uma colher de chá de sutileza, imaginação e poesia à vontade, e um quilo de clareza. Mexa bem antes de levar ao leitor.
iPhonografia: Régine Ferrandis, de Paris.
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